Apoio das lideranças é essencial para avanço da equidade de gênero no mercado financeiro

Conclusão veio de bate-papo com executivas no dia 1º de março; evento de abertura da nossa programação do mês da mulher reuniu mais de 50 mulheres

Criar ambientes acolhedores, reatar conexões reais, atuar como aliada e conquistar o apoio efetivo das lideranças são posturas e compromissos que mulheres podem assumir para acelerar a equidade de gênero no mercado financeiro. Estes foram alguns dos insights compartilhados no café Novos caminhos para a equidade de gênero no mercado financeiro, evento realizado no dia 1º de março e que abriu a nossa programação do mês da mulher. A iniciativa integra a agenda de Sustentabilidade do ANBIMA em Ação – conjunto de prioridades da Associação para o biênio 2023/2024.

O encontro foi organizado em parceria com a Fin4She, plataforma de conexão de mulheres no mercado financeiro, e reuniu mais de 50 executivas que fazem parte da nossa história. Quatro convidadas integraram a mesa redonda e interagiram com a plateia, trocando experiências, inquietações e avanços sobre o tema.

Mais de 50 executivas do mercado financeiro participaram do nosso evento de abertura da programação de mês da mulher

Para as debatedoras, o ritmo das conquistas, embora perceptível, ainda é lento. “Estamos cansadas das mesmas discussões e ideias. Precisamos pensar em novas soluções, ouvir e falar sobre essa pauta todos os dias, porque ela está em constante evolução, e não temos respostas para tudo. Queremos sair daqui com sugestões práticas de como ir além, criando uma agenda de trabalho”, ressaltou Carolina Cavenaghi, cofundadora e CEO da Fin4She que mediou o bate-papo.

Roberta Anchieta, diretora de Administração Fiduciária do Itaú Unibanco, acredita que o mercado financeiro avançou na equidade de gênero, mas a mulher negra continua tendo que mostrar todos os dias do que é capaz. “Eu não sou uma só. Eu sou uma comunidade. Historicamente, muitos morreram e se sacrificaram para eu estar aqui e sinto que nunca posso cometer erros, porque eles recaem sobre todas as mulheres negras como eu”, disse.

Furar bolhas e pensamentos tradicionais

As mulheres são 52,2% da população, estão em quase todas as áreas de negócios, mas poucas ascendem e ocupam postos de liderança (só 38%, sendo 0,4% de mulheres negras), de acordo com dados do IBGE (2019) e da Grant Torton (2022). “Essa pauta é complexa. Precisamos educar e aculturar o mercado de dentro para fora, porque fazemos parte de um movimento em transição, em que temos tanto gestores com valores e ideias antigos como outros atualizados e engajados com o tema”, ressaltou Fernanda Franco, CEO da Quasar Asset.

+ CEOs do mercado financeiro reforçam importância de diversidade e inclusão para os negócios

Também é fato que muitas lideranças desejam atuar pela equidade de gênero, mas não sabem por onde começar. Além de rever exigências na hora da seleção e contratação, e oferecer formação para as competências hard skill necessárias, é preciso que “estendam a mão” para buscar ativamente talentos femininos, porque eles existem e estão disponíveis. “Escuto muito sobre contratar mulheres negras para cargos da base, porque um dia elas vão se tornar lideranças. Quanto tempo elas terão de esperar por isso? Existem profissionais negras prontas para assumir essas posições, inclusive em conselhos de empresas”, afirmou Roberta.

Roberta Anchieta (Itaú Unibanco) e Fernanda Camargo (ANBIMA e Wright Capital) durante bate-papo sobre equidade de gênero

Para as convidadas, é essencial que as lideranças brancas saiam de suas bolhas e conheçam a realidade de outras mulheres, das pessoas das periferias, onde vive 70% da população negra, entendendo os desafios que enfrentam para propor soluções que, de fato, gerem uma inclusão produtiva e qualificada. Ouvir os grupos subrepresentados e entender as expectativas deles é outra maneira de avançar na pauta. Também existe a questão da possibilidade, ou seja, de mostrar a outras mulheres que elas também podem e são capazes de estar onde as lideranças femininas estão.

Um caminho para avançar é conectar-se com pessoas e movimentos que são referências e que atuam pela equidade de gênero, ampliando a diversidade das redes de contato. “Nós mulheres temos muita coisa para fazer no dia a dia e, por vezes, deixamos o networking de lado. É essencial que a gente encontre espaço para conhecer quem vai nos ajudar a fortalecer a nossa causa”, lembrou Fernanda Camargo, nossa diretora e sócia-fundadora da Wright Capital.

Ter aliadas, buscar novos atores para a causa e criar ambientes amigáveis

Para as debatedoras, mulheres brancas podem e devem atuar pela equidade racial. O fato de não terem o marcador identitário não significa que não possam defender a causa da inclusão de mulheres negras no mercado financeiro. O mesmo quando se fala em trazer os homens para esse debate. Por assumirem a maioria dos postos de decisão das empresas, sensibilizá-los, chamá-los para apoiar ações e pensar em soluções conjuntas são saídas eficientes para acelerar o ritmo da equidade de gênero.

Fernanda Franco (Quasar Asset), Roberta Anchieta (Itaú Unibanco), Fernanda Camargo (ANBIMA e Wright Capital) e Carolina Cavenaghi (Fin4She) falaram sobre ações para ampliar a equidade de gênero no mercado financeiro

Outro aspecto essencial é a retenção nas empresas. Muitas mulheres são admitidas, mas acabam saindo do emprego por conta de ambientes hostis. Entender e agir conforme as necessidades dessas pessoas pode fazer a diferença. “Não adianta dar oportunidade sem trabalhar o ambiente. Muitos não percebem que estão sendo pouco amigáveis com a diversidade, mas temos de mostrar isso claramente. Precisamos educar as equipes, porque a sensação de pertencimento é fator determinante para a retenção”, afirmou Fernanda Camargo.

Diversidade e inclusão na ANBIMA

Nossa agenda para o mês de março trará outras oportunidades de as lideranças repensarem suas práticas inclusivas e as mulheres se reconhecerem como capazes de ocupar espaços de gestão, contribuindo à diversidade e inovação do mercado de capitais e financeiro. “A pauta de diversidade e inclusão se tornou uma agenda estruturante e prioritária para a ANBIMA, envolvendo todos os nossos associados”, contou Zeca Doherty (foto), nosso superintendente-geral. Em 2022, criamos a Rede ANBIMA de Diversidade e Inclusão, plataforma que reúne mais de 400 pessoas engajadas, entre lideranças e especialistas.

“As ações do Mês da Mulher fazem parte desse avanço que impacta diretamente o mercado financeiro. Não é só um projeto, porque não tem começo, meio e fim. É uma jornada que vai inspirar e subsidiar as instituições a implementarem iniciativas e políticas a partir de um espaço qualificado de trocas”, explicou Zeca.

Programação completa

Teremos uma série de ações gratuitas para promover a equidade de gênero durante o mês de março. Em parceria com a Fin4She e com apoio de mídia do E-Investidor, preparamos dois eventos presenciais e diversos conteúdos online para estimular o desenvolvimento de mulheres nos mercados financeiro e de capitais.

+ Confira a programação completa e inscreva-se para participar!

Para ficar por dentro e participar de toda a programação, basta se inscrever na plataforma da Fin4She. Os conteúdos online acontecem no YouTube da ANBIMA e quem se inscrever garante acesso a materiais exclusivos. Além disso, no dia 27 de março, encerramos nossa programação com o Young Women Summit, evento presencial com vagas limitadas para 150 mulheres – garanta sua participação!