Medir, gerar dados e ajudar a definir parâmetros nas empresas sobre a presença das mulheres negras em diferentes setores do mercado de trabalho: é essa a proposta do Índice ESG de Equidade Racial Mulher Negra. Criado pelo Pacto de Promoção da Equidade Racial, o indicador pode ser usado por companhias de diferentes setores na criação e desenvolvimento de metas e políticas afirmativas.
“Quando lançamos o Índice ESG de Equidade Racial mais ou menos um ano atrás, logo depois surgiu um incômodo: perceber que as mulheres negras são duplamente impactadas. Era gênero e raça, e não uma coisa só”, explicou Gilberto Costa, diretor-executivo do Pacto. Foi então que se identificou a necessidade de estabelecer um novo recorte, chegando ao IEER Mulher Negra. “Ele tem como objetivo dar às empresas dados para trabalhar com ações de médio e longo prazo para poder resolver essa questão da desigualdade racial com relação às mulheres negras”, disse.
Da esquerda para a direita, Gilberto Costa (JP Morgan e Pacto de Promoção da Equidade Racial) e Isabel Fillardis (ativista, cantora, atriz e apoiadora do Pacto)
O lançamento do indicador contou com a publicação da pesquisa A mulher negra no mercado de trabalho brasileiro: desigualdades salariais, representatividade e educação entre 2010 e 2022. O levantamento mostra que os salários recebidos pelas mulheres pretas são menores que os pagos para os outros grupos demográficos. Elas também participam menos do mercado de trabalho formal, enquanto no informal estão mais presentes.
O IEER Mulher Negra está em fase de implementação no site do Pacto e as empresas signatárias terão acesso automatizado em breve.
Conferência ESG Racial
A divulgação do índice se deu durante a primeira Conferência ESG Racial, promovida pelo pacto, em 29 e 30 de novembro de 2022, em São Paulo. “O resultado do índice só escancarou uma realidade que a gente já sabe que existe: as mulheres e as mulheres negras são o grupo em maior desvantagem socioeconômica no nosso país. Elas estão na base de toda a pirâmide em relação a salário, cargos hierárquicos nas empresas, em relação a acesso de oportunidades”, comentou Fernanda Castanheira, especialista em Diversidade e Inclusão da Vale. “Como eu vejo o futuro dessas mulheres pensando sob a perspectiva da iniciativa privada: é com intencionalidade e ações afirmativas, e para isso precisamos ter metas e indicadores”.
O evento contou com a participação de 1.030 pessoas de 360 empresas e reuniu mais de 60 palestrantes. Os debates reforçaram que, antes de tudo, é preciso assumir a existência da questão racial no país em todos os setores e estabelecer metas e indicadores para mudar essa realidade.
Para Fernanda Camargo, nossa diretora e sócia-fundadora da Wright Capital, é importante que as empresas deem o exemplo e tenham pessoas diversas em seus quadros. “As pessoas têm que olhar e ver que é possível chegar lá”, comentou em painel sobre inovação e indicadores ESG – o desafio de mensurar a equidade racial, no dia 29.
Da esquerda para a direita, Vilma Pinto (Instituição Fiscal Independente – Senado Federal), Fernanda Camargo (ANBIMA e Wright Capital) e Leandro Camilo (Conselho Global de Inclusão e Diversidade da PWC)
“Não adianta só falar de diversidade e não tratar como todo problema de negócios: tem que ter metas, planos, comitês, tem que ter tudo que a gente tem para resolver os problemas de negócios”, afirmou Marcelo Billi, nosso superintendente de Sustentabilidade, Inovação e Educação durante o painel Governança corporativa comprometida com a equidade racial, no dia 30.
Da esquerda para a direita, Marcelo Billi (ANBIMA) e Guibson Trindade (Pacto de Promoção da Equidade Racial)
A atuação das lideranças em diversos níveis como ponto crucial para o avanço da diversidade foi outro ponto de destaque do evento. “As empresas precisam se posicionar e os CEOs devem se responsabilizar por liderar as transformações necessárias”, afirmou Gilson Finkelstein, CEO da B3, no primeiro dia do encontro.
É possível rever a conferência no canal do Pacto no YouTube.