Young Women Summit: educação e coragem pavimentam carreira das mulheres no mercado financeiro

Evento reuniu mais de 150 jovens em início de carreira e encerra nossa programação especial de equidade de gênero do mês de março

Ter coragem para impor a sua voz é um passo importante para mudar realidades. E foi isso que quatro executivas de um painel sobre pioneirismo no Young Women Summit fizeram ao longo de suas carreiras: em suas jornadas, contaram com apoio de e se inspiraram em outras mulheres, além de terem referências em suas próprias casas, como mães e avós. O evento reuniu mais de 150 jovens em início de carreira, que receberam uma inscrição gratuita para as nossas certificações, e foi organizado em parceria com a Fin4She, plataforma de conexão de mulheres no universo financeiro.

O encontro encerrou nossa programação especial sobre equidade de gênero no mês da mulher, que começou no dia 1º, com um café da manhã para executivas na ANBIMA e se estendeu por todas as semanas de março com bate-papos online. A iniciativa integra a agenda de sustentabilidade do ANBIMA em Ação — conjunto de iniciativas que elegemos como prioritárias para o biênio 2023/2024.

Young Women Summit reuniu mais de 150 jovens em início de carreira. Todas ganharam uma inscrição gratuita para as certificações ANBIMA

No palco do evento na Arena B3, Lucy Pamboukdjian, especialista de mercado de capitais, ESG e diversidade, abriu o painel contando que começou sua carreira justamente naquele lugar, onde funcionava o pregão da bolsa. “Aqui era o pregão da BM&F. Eu comecei a minha carreira em 1994; fui uma das meninas que teve coragem em se atrever a entrar no mercado financeiro. Comecei como recepcionista. Estar aqui na bolsa, vendo tantas meninas pretas com a gente, é a maior emoção do mundo”, destacou.

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Espaços de troca e rede foram muito importantes para a trajetória de Marina Cançado, coCEO da Future Carbon Group, que destacou ensinamentos que recebeu de uma mentora acerca da importância de se construir relações de longo prazo, de formar repertório e, principalmente, de reconhecer o seu valor.

Vivian Lee, sócia e CIO dos fundos de crédito da Ibiuna, contou que, no começo da carreira, não tinha certeza se gostava do que fazia e foi movida por desafios intelectuais. “Em 2001, quando comecei, infelizmente, não tinha um fórum assim, com essa troca, essa sonoridade e nem conversas abertas sobre dificuldades e carreiras. Vejo como isso é rico”, disse. Lee atua em gestão de investimentos, uma área com pouquíssimas mulheres. “Eu nunca ficava confortável, queria mudar e todas as oportunidades que eu tive de mudança foi porque alguém que trabalhou comigo lembrou de mim e sabia que eu estava aberta a coisas novas”, falou.

Primeira economista-chefe preta do Brasil, Laiz Carvalho (foto) ressaltou que ter coragem é necessário, mas o

que faz chegar mais longe é a educação. “Precisamos ter qualidade para que as pessoas partam do mesmo ponto. O que me colocou no mapa foi a educação”, disse Laiz, que cursou USP e ingressou no mercado em 2010. “Era ainda um ambiente muito difícil, era raro ver mulheres e você tinha de ter comportamento masculinizado. O setor de economia é masculinizado, de homem branco e mais velho. O que me fez subir foi que tentei achar aliados em todos os lugares; achar pessoas que eu queria ser, admirava, chegava nelas e conversava. Fui tendo várias mulheres e homens me ajudando”, relatou.

Ela disse que, como mulher, jovem e negra, as pessoas ainda não se acostumaram a não encontrar um “homem branco e de cabelo branco” como economista-chefe. Até por isso, Laiz, que atua no BNP Paribas e é fundadora da Black Swan (grupo de mulheres pretas em início ou em transição de carreira que buscam entrar ou se consolidar no mercado financeiro), afirmou trabalhar para que outras alcancem seu lugar. “Quem você quer colocar no seu lugar quando você subir? Eu quero colocar outra mulher negra, quero prepará-las. Temos de trazer mais mulheres negras para ocupar este lugar”, apontou.

Relacionamentos e networking

Vivian Lee, dos fundos de crédito da Ibiuna, reforçou a importância de se conhecer, entender se está no lugar certo, fazendo o que gosta ou se é momento de buscar outra coisa. “Quando você tem o autoconhecimento, as coisas começam a acontecer de forma mais simples. É estudando e se preparando que se chega mais longe. E, obviamente, com uma ajudando outra”, disse.

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Contar com uma rede de relacionamento e buscar as pessoas que admira são caminhos a serem perseguidos para Laiz, do BNP Paribas. E, atualmente, as redes sociais facilitam esta jornada. “Procure alguém que você se espelha dentro da empresa e fora dela para mentorar você. Dentro, porque é alguém que já conhece os vícios e coisas boas que tem a empresa. E fora para manter o networking e ser alguém que tenha visão não viciada. Procurem suporte de alguém que vai ajudar genuinamente. E não se deixem levar pela caixinha que o mercado financeiro quer que você ocupe”, salientou. Ela mesma contou que achava que tinha de se misturar, o que fez com que deixasse de ser autêntica. “Saibam quem vocês são, o que querem e o que estão dispostas a fazer”, orientou Laiz.

Saber quais são os seus maiores ativos é, na visão de Marina Cançado, primordial para conseguir se posicionar. Ela também chamou a atenção para a necessidade de se preparar para os desafios que as mudanças climáticas trarão para o mercado. “Temos de nos dar conta do momento histórico que estamos; o mundo vai mudar mais nos próximos dez anos que nos últimos cem. Tem de entender quais são as forças que estão moldando, onde estão as oportunidades e se posicionar”, apontou.

Certificações e manter-se atualizada são fundamentais

A educação transforma a vida das pessoas e abre possibilidades de carreira. Profissionais de sucesso estão, constantemente, buscando atualizações e novos aprendizados — itens essenciais para quem vai atuar no mercado financeiro. Esse foi o foco do bate-papo de encerramento do Young Women Summit.

Tatiana Itikawa, nossa superintendente de Representação de Mercados, ressaltou que a associação oferta cursos técnicos gratuitos na área e que, ao longo dos anos, vem aprimorando e melhorando tais formações, visando a diversos públicos e abrangendo desde questões básicas até as mais avançadas. “Além disso, temos as certificações, que — hoje é inegável — são a porta de entrada para o mercado financeiro, uma licença para trabalhar”, salientou. “Temos mais mulheres em CPA por ser força de vendas e poucas em CGA, que é a certificação de gestão. As mulheres são apenas 6% em CGA”, acrescentou Itikawa.

Da esq. para dir.: Tatiana Itikawa (ANBIMA), Christianne Bariquelli (B3) e Carolina Cavenaghi (Fin4She) falaram sobre a importância da educação e da independência financeira para mulheres no Young Women Summit

Christianne Bariquelli, superintendente de Educação na B3, acrescentou que a bolsa também conta com uma plataforma gratuita, na qual é possível aprender os conceitos relacionados a finanças e orçamento pessoal. Os conteúdos são elaborados por vários agentes do mercado que entregam informação de forma gratuita. O hub de educação da bolsa reúne conteúdo informativo sobre as diferentes profissões no mercado financeiro, apontando as certificações adequadas para cada uma delas. “A certificação é importante porque é um selo que atesta os conhecimentos fundamentais para exercer a função”, enfatizou.

Independência financeira

Além de cursos e certificações, as palestrantes ressaltaram a importância de que cada vez mais mulheres tenham acesso à educação financeira. “Ter independência financeira é mais que um salário; é ter educação sobre o tema, é como você se relaciona com o dinheiro, e isso não foi natural para mim mesmo trabalhando no mercado financeiro”, contou Carolina Cavenaghi, cofundadora e CEO da Fin4She.

Participantes do Young Women Summit

O empoderamento econômico é importante para determinar escolhas e possibilitar sonhos. Falar sobre dinheiro deveria ser normalizado, conforme defendeu Christianne, explicando que, somente assim, se aprende a fazer escolhas inteligentes. “Se organizar financeiramente é ter qualidade de vida; não é sobre ganância, é ter controle, saber fazer planejamento, fazer escolhas”, pontuou.

Para Tatiana, a disciplina e a organização financeiras geram a liberdade e levam as mulheres a usufruírem as escolhas. “É poder viver bem e gerar bem-estar para a família. A educação financeira passa por ter disciplina”, disse.

Conheça o ANBIMA em Ação

ANBIMA em Ação é o conjunto das principais iniciativas da Associação para este e o próximo ano. Esse planejamento estratégico foi elaborado a partir de uma ampla consulta aos nossos associados, instituições parceiras, reguladores e lideranças da ANBIMA e resultou em três grandes agendas de trabalho: Agenda de Desenvolvimento de Mercado, Agenda de Serviços e Agenda Estruturante. Confira cada uma aqui.