Entidades do mercado induzem boas práticas para ampliar equidade racial entre lideranças

ANBIMA apresenta iniciativas para fomentar essa agenda durante a 3ª Conferência Empresarial ESG Racial

Notícia 6 de dezembro de 2024

A agenda de diversidade racial nas empresas avança a cada ano, como resultado de ações afirmativas de educação e de incentivo à criação de vagas para pessoas negras; a hora agora é de abrir caminho para que elas possam chegar também às posições de liderança. E as entidades do mercado têm papel relevante nesse processo, ajudando a construir o caminho das empresas em direção à equidade racial nos diversos níveis de carreira. Essa foi a conclusão de um dos debates da 3ª Conferência Empresarial ESG Racial, promovida no fim de novembro pelo Pacto de Promoção da Equidade Racial com tema “Alta performance, diversidade e alianças”.  

Embora as lacunas ainda sejam muito grandes, a equidade racial avança entre as lideranças, de acordo com dados do Mover (Movimento pela Equidade Racial), associação sem fins lucrativos que apoia o desenvolvimento de carreiras e negócios de pessoas pretas e pardas. Os números mostram que, em 2021, 32% das posições acima de supervisor nas empresas associadas eram ocupadas por pessoas negras, percentual que hoje subiu para 39%.  

O levantamento considera cerca de 50 empresas associadas que, juntas, têm 1,3 milhão de colaboradores. Segundo Luciene Rodrigues, gerente de Relações Institucionais e Comunicação do Mover, o objetivo é chegar a 10 mil pessoas negras líderes até 2030. “Estamos no caminho para alcançar essa meta. Em 2024, nossas associadas contrataram ou promoveram 2.016 pessoas negras para cargos de liderança”, relatou. 

Além do discurso 

O trabalho de aproximação entre as empresas e a agenda de equidade, conectando as intenções às ações concretas, é um pouco do que a ANBIMA faz nesse contexto, de acordo com Luiz Pires, nosso gerente de Sustentabilidade e Inovação. “Atuamos como indutores na promoção de alianças que ajudem as empresas do mercado a avançar da equidade racial. Nosso propósito é ir além do discurso”, destacou Pires.  

Fotografia do palco da Conferência Empresarial ESG Racial

A ANBIMA aderiu ao Pacto de Promoção de Equidade Racial e passa a participar ainda mais ativamente do movimento – a Associação é apoiadora institucional do Pacto desde 2021 e uma das patrocinadoras da Conferência anual. “A adesão mostra a intencionalidade da ANBIMA nas ações voltadas à promoção da equidade racial nos mercados. Ela coroa uma jornada de anos de trabalho e amadurecimento e consolida o posicionamento público da ANBIMA nessa agenda”, comentou o gerente.  

O passo inicial, segundo ele, foi a realização de uma pesquisa entre os associados para identificação dos pontos de contato que tinham com a agenda de diversidade como um todo. O levantamento Retrato da Diversidade e Inclusão no Mercado de Capitais está sendo refeito agora em 2024. “Esse foi um diagnóstico de temas relevantes na pauta de diversidade. Nosso interesse era conhecer as dores do mercado para pensarmos em como ajudar a resolver esses desconfortos”, disse Pires. 

A percepção de que os níveis de maturidade das empresas em relação à diversidade eram muito díspares foi o embrião para a criação da Rede ANBIMA de Diversidade e Inclusão, fórum aberto para a apresentação de boas práticas e o compartilhamento de experiências no tema. “A Rede ajuda na articulação das ações relacionadas à agenda de equidade e sistematiza o conhecimento, de forma que os cases de sucesso e as experiências mais maduras sirvam de inspiração”, completou. 

Nesse processo, a ANBIMA criou um curso para profissionais do mercado que segue o protocolo ESG Racial do Pacto. O treinamento está disponível na plataforma de certificação e passou a fazer parte da grade de todas as microcertificações de profissionais de mercado que estão sob a alçada da ANBIMA. Da porta para dentro, ressaltou Pires, a ANBIMA em 2021 passou a trabalhar com a meta de alcançar 52% de pretos e pardos entre os colaboradores. “Ainda não chegamos lá, é um trabalho difícil para uma entidade com turn over muito baixo, como é a ANBIMA. Mas já estamos em 37%, com 20% em cargos de liderança”, observou.  

Febraban une esforços 

Ainda dentro do setor financeiro, a Febrabran (Federação Brasileira dos Bancos) também tem forte atuação para aumentar a diversidade racial nas instituições. “Nosso papel é unir esforços para disseminar boas práticas relacionadas a essa agenda. Temos 28 bancos envolvidos com o nosso comitê de diversidade”, relata Amaury Oliva, diretor de Sustentabilidade, Cidadania Financeira, Relações com o Consumidor e Autorregulação da entidade, destacando a realização periódica do Censo da Diversidade nos bancos. “Ao longo do tempo, o Censo tem mostrado evolução, inclusive com o avanço entre as lideranças. Da força de trabalho nos bancos, hoje as mulheres representam 42% e as pessoas negras, 24%. Queremos ser o catalisador desse processo”, afirmou. 

Fotografia de Amaury Oliveira no palco da Conferência Empresarial ESG Racial. Ele está sentado em uma poltrona e fala segurando um microfone bastão. Amaury é um homem branco, de cabelos castanhos curtos e veste um terno azul marinho com camisa branca.

O diretor ressaltou a importância das parcerias para se fazer avançar a agenda de equidade racial, com diferentes vozes reunidas para a formação de alianças que facilitem a chegada das pessoas negras a postos de liderança. “Sabemos que o setor bancário é estratégico, e que por isso temos condições de engajar esferas de governo em prol da equidade.” Oliva destacou também a atuação da Febraban na produção de conteúdos antirracistas, como guias que conscientizam as pessoas sobre o uso de palavras e expressões habituais no mercado bancários, mas inadequadas – como “branqueamento de capital”, “lista negra” e “câmbio negro”.