Perfil Ethos mostra avanço da consciência sobre diversidade entre líderes empresariais, mas inclusão segue abaixo do esperado

Pesquisa apoiada pela ANBIMA traça o retrato social, racial e de gênero das 1.100 maiores empresas brasileiras

Notícia 19 de novembro de 2024

Foi lançado o Perfil Social, Racial e de Gênero das 1.100 maiores empresas e instituições financeiras brasileiras. O levantamento analisa a composição das equipes e as ações afirmativas das companhias em relação a diversos critérios de diversidade, equidade e inclusão. A pesquisa foi realizada pelo Instituto Ethos com apoio da ANBIMA.

“É importante termos informações, dados e pesquisas sobre o estado da diversidade nas empresas brasileiras para poder lançar mão de iniciativas, de políticas e de práticas que levem a mais diversidade, inclusão e equidade nas instituições”, disse Marcelo Billi, nosso superintendente de Sustentabilidade, Inovação e Educação no lançamento do estudo, durante a Conferência Ethos, realizada em 18 de setembro, em São Paulo. “Ficou claro que a gente precisa ser muito tenaz e aumentar a energia que colocamos nessa agenda para continuar avançando na direção de mais diversidade e equidade no mercado”, analisou.

Evolução da diversidade

Os resultados mostram que a agenda de diversidade, equidade e inclusão ganhou espaço no mercado de trabalho e entrou para a pauta das principais companhias e lideranças executivas do Brasil. Apesar do ganho de consistência dessa agenda, ainda prevalece a baixa representatividade de mulheres, pessoas negras, com deficiência e das pessoas LGBTI+. O estudo evidencia um afunilamento hierárquico, ou seja, há mais diversidade nos cargos de entrada, enquanto em posições de liderança esse índice cai drasticamente, resultando na invisibilidade dessas diversidades. O fenômeno é conhecido como “degrau quebrado”, de acordo com a psicóloga Monique Stony.

Gráfico de distribuição por gênero nos níveis hierárquicos. A tabela mostra que a presença de homens aumenta quanto maior o cargo, enquanto a de mulheres diminui. Os cargos analisados são aprendizes; estagiários; trainees; quadro funcional; supervisão, chefia e coordenação; gerência; quadro executivo e diretoria; e conselho de administração.

O mesmo acontece na distribuição por cor ou raça: quanto maior o cargo, maior a presença de pessoas brancas – os conselhos de administração, por exemplo, são formados por 93,8% de pessoas brancas. Já a população negra ocupa a maioria dos cargos de entrada, como aprendizes, estagiários e trainees.

Gráfico de distribuição por raça nos níveis hierárquicos. A tabela mostra que, quanto maior o cargo, maior a presença de pessoas brancas e menor a presença de pessoas negras (pretos e partos). A população amarela e indígena tem baixa representatividade, de 0,1 a 2,4%, em qualquer um dos cargos.

Um dado inédito é em relação às pessoas LGBTI+: a maior parte das empresas ouvidas não mensura o número de pessoas LGBTI+ entre funcionários e funcionárias. Esse dado chegou a 85% nos cargos de trainee e 78% nas posições de quadro funcional, por exemplo.

Metas

O estudo demonstra que, das empresas que estabelecem metas, as ações ainda são pontuais e se concentram em iniciativas de “porta de entrada”. Ainda faltam políticas que elevem os níveis de diversidade em diferentes posições e que considerem as interseccionalidades. Por exemplo, puco mais da metade (51,6%) tem ações e metas para ampliar a representação de mulheres em cargos de liderança. Essas ações têm começado a promover mudanças importantes, como o aumento da presença de mulheres nos Conselhos de Administração, que é de 18,6% atualmente, alta de 7,6% em comparação à última edição do Perfil – ainda que não seja possível comparar diretamente com as edições anteriores da pesquisa, pois tratam-se de universos distintos.

Contudo, quando se analisa a dedicação de esforços para ampliar a participação e presença dede pessoas negras, pessoas com deficiência, pessoas com mais de 45 ou pessoas LGBTI+ nesses espaços esse número cai drasticamente, uma vez que 45,3% das empresas participantes do Perfil 1.100 afirmaram não possuir ações (com metas) para inclusão desses grupos em cargos de alta liderança.

Gráfico mostra o percentual de empresas que possuem políticas e metas para grupos minorizados com foco em promoção de igualdade de oportunidades para cargos de liderança. O gráfico mostra que 45% não estabelece nenhuma dessas ações e metas; 52% tem ações e metas para mulheres; 21% tem ações e metas para pessoas negras; 7% têm ações e metas para mulheres negras; 6% têm ações e metas para pessoas com deficiência; e menos de 5% têm ações e metas para pessoas LGTBI+, pessoas de 45 anos ou mais ou jovens.

Acesse o estudo na íntegra e confira todos os resultados no site do Instituto Ethos.

O apoio da ANBIMA ao estudo faz parte das atividades da Rede ANBIMA de Diversidade e Inclusão e da consolidação da nossa estratégia nesse tema, iniciativa que integra a agenda estruturante do ANBIMA em Ação, conjunto de atividades que elegemos como prioritárias para o biênio 2023/2024. Esse planejamento estratégico foi elaborado a partir de uma ampla consulta aos nossos associados, instituições parceiras, reguladores e lideranças da ANBIMA. Confira aqui as nossas quatro grandes agendas de trabalho: Centralidade do Investidor, Desenvolvimento de Mercado, Agenda de Serviços e Agenda Estruturante.

Saba mais sobre o Instituto Ethos

Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que tem a missão de mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerirem seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade justa e sustentável. O instituto atua como um polo de organização de conhecimento, troca de experiências e desenvolvimento de ferramentas para auxiliar as empresas a analisar suas práticas de gestão e aprofundar seu compromisso com a responsabilidade social e o desenvolvimento sustentável. Visite o site da organização.